Cherry Blossoms

Michael took another sip of his drink, fighting to swallow the sickeningly sweet fruit cocktail. No matter how hard he tried, he couldn’t stop glancing at the black leather stool beside him…

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Ecos do Universo

9 de março

Hoje a missão continua.

Cheguei neste planeta faz pouco menos de dois ciclos e parece que finalmente estou sozinho. Neste momento começo as gravações dentro de uma sala branca onde fui realocado para fins de estudo humano. Fui capturado e estou cercado por máquinas que, em ritmo cardíaco, lembram-me que estou preso.

Está cada vez mais difícil ficar vivo.

Até o presente momento, a transfusão de corpos se mostra estabelecida. Eu sou humano, mas por algum motivo não me sinto bem, por isso, não sei quanto tempo tenho.

Infelizmente a atmosfera possuía alterações imprevistas em nossos cálculos e, com isso, ocorreram problemas na reestruturação de alguns átomos. O teletransportador me causou amputações indesejáveis,como a perca do braço direito e da língua, o que também me impossibilita de estudar e pôr em prática alguns sons e a forma de comunicação mais presente no planeta. Felizmente o comunicador telepático implantado na transfusão de corpos ainda está funcionando e fixado no sistema límbico cerebral, somente por isso vocês podem receber essa mensagem.

Não venham à terra. Eles são hostis, são muitos, são cruéis. As perdas foram consideráveis e eu sou o único sobrevivente. Neste exato momento estou preso em um lugar chamado hospital. E… Está cada vez mais difícil ficar vivo.

10 de março

Hoje eu sonhei.

Acho que eles entraram na minha mente e roubaram toda a informação que possuo do nosso planeta. Eles devem ter visto o que eu vi naquela dimensão criada a partir das memórias que eles chamam de sonho.

Não se preocupem, eles ainda não sabem do comunicador, até porque se soubessem já haviam tirado.

Preciso que vocês escutem com atenção, pois o que eu vi pode ajudar a entender o que eles sabem de nós e, quem sabe, entender melhor sobre esse sonho.

Eu estava no nosso planeta, tinha voltado para nossa civilização e estava prestes a ser parabenizado por todos, inclusive por aqueles que já morreram. Entre todos que mostravam satisfação pelo sucesso da missão, destaca-se aquele que me espera. Eu me aproximo e nos unimos, porém quando volto para torná-lo real na minha frente, deparo-me com a escuridão de um buraco negro dentro de um buraco negro.

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O que foi isso?

10 de março

Hoje fui interrogado.

Antes que a lua aparecesse alguns dos que pareciam ser os mandantes desta prisão entraram no quarto e começaram a me fazer perguntas. “Qual é o seu nome?”, “O que aconteceu?”, “Onde você mora?”. Essas foram algumas das perguntas que eles se mostraram mais curiosos e sonoramente intensos.Como vocês já sabem, a perda da minha língua me impossibilitou de falar, mas, de alguma forma, eles sabiam que eu era treinado para escrever. Não se preocupem, eu não entreguei nada que pudesse comprometer a missão ou o nosso planeta.

Eles me perguntaram sobre números, formas geométricas, cores, seres vivos e tridimensionalidade,logo pediram para escrever letras que iam diminuindo na minha frente, para desenhar uma árvore e, por fim, para descrever o que via em borrões de tintas.

Respondi todas as perguntas que eu podia; e as que eu não podia, menti.No fim das contas, o mais branco dentre eles saiu da sala carregando nas mãos anotações sobre mim e, distante, pude escutar fracas vibrações de sua voz que dizia para seus subalternos: “Ele se mostra apto, podem trazer o Sr. Cruz.”.

Aprendi que a Cruz na terra é considerada, por grande parte dos humanos, um sinal para com os mortos.

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11 de março

Hoje parei com os medicamentos.

Já faz cinco ciclos desde que cheguei no planeta e a minha regeneração se mostra incompetente.Durante meu confinamento, curativos me cobrem impedindo qualquer forma de sangramento indesejado e medicações me são receitadas para dor e infecções. Eles cuidam de meus ferimentos como se quisessem me manter vivo para sonhar.

Além do mais, acho que esses medicamentos não estão acelerando minha regeneração, mas sim a impedindo, ou até pior… Fazendo-me ter aquele mesmo sonho repetidamente.

12 de março

Hoje chegou outro prisioneiro.

Usaram a máquina de sonhos nele e a qualquer momento ele pode voltar, por isso não gravarei muito.

Ele chegou sozinho e nada disse. Eu o encarei estudando o que aquele humano de pele enrugada e poucos cabelos brancos estaria tramando. Achei que ele também tinha perdido a língua, mas até pouco tempo atrás ele invocava repetidamente o nome “Irene” enquanto sonhava.

Ainda não o conheço, mas sei de uma coisa… Não posso confiar nele. Apesar dele não me dizer seu nome, pude ler em sua cama um nome que identifiquei como Tiago Cruz.Ele vai ser o responsável pela minha morte.

15 de março

Hoje fiz contato.

Estava entretido com essa caixa onde era possível ver criaturas marinhas gigantescas em tamanhos minúsculos. Não sabia bem se era uma arma de hipnose ou um encolhedor orgânico para entretenimento egoísta e hierárquico dos humanos, só sabia que eu estava em pesquisa sobre essa tecnologia até que o humano enrugado some com tais criaturas através de um objeto que ele chama de controle-remoto. Logo depois, apareceu dentro da caixa um homem com uma feição retangular que possuía um falatório ríspido e preocupado sobre alienígenas.

Não faço ideia do que seja um alienígena, não pareceu ser nada interessante para a missão.

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Me levantei e andei até a cama de Tiago; quando próximo, querendo achar uma solução agradável,apontei para a caixa mostrando que ela estava em minha posse naquele momento. Foi quando ele disse suas primeiras palavras para mim:

“Volta pra cama, idiota.”

Eu continuei a apontar para a caixa mostrando desta vez mais autoridade. Eu não queria brigar, mas estava pronto se fosse necessário.

“Eu não vou mudar de canal, agora volta pra sua cama… maluco.”

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Comecei a me alterar psicologicamente, algo que nunca havia acontecido antes. Foi quando percebi um peso dentro de mim, um peso que me fez fechar os olhos por dois segundos e que quase me fez perder o controle das pernas.

Eu não sabia se Tiago fez algo para eu sentir isso, porém, independente da origem desse peso,naquele momento, achei melhor voltar para a cama.

16 de março

Hoje me sinto diferente.

Desde quando cheguei neste planeta venho sentindo esse peso dentro de mim, mas hoje ficou mais evidente.

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Além desse peso, sinto variações termostáticas constantemente, como se estivesse doente, ou pior,com um humano nascendo dentro de mim.

Não importa o que seja, contanto que este peso pare de danificar o transmissor.

17 de março

Hoje tive outro sonho.

Eu era uma criança, uma versão mais jovem do meu corpo humano. Estava montado em cima de um animal de metal azul, que se chamava de bicicleta, no meio da rua de onde morava. Na cabeça do bicho estava amarrado um fio que se conectava a uma espécie de antena, que logo escutei outra criança chamando essa antena de pipa. Ela olhou para mim como se fosse um herói por ter colocado tal antena mais perto das nuvens, e eu a olhei como se fosse aquele que me espera. Em seguida, caí por ter virado o rosto.

Neste momento acordei, e senti como se tudo fosse real, como se eu realmente fosse humano.Acho que eles querem que eu me torne um deles.

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Essas transmissões estão cada vez piores de manter.

22 de março

Hoje fiz um amigo.

Desde que Tiago trocou suas primeiras palavras comigo ele sempre se referiu a mim como “idiota”ou “maluco”, quando não me ameaçava com uma arma de corte que ele dizia ter escondido em seu travesseiro. Mesmo eu não me importando muito ou trocando uma única palavra com ele, de uns ciclos para cá ele anda se mostrando bastante amigável, todo dia falando as mesmas coisas, reclamando das mesmas coisas e sendo o mesmo humano rabugento enrugado.

De começo não dava muita atenção, mas minha recuperação anda se mostrando cada vez mais lenta e, por isso, até me recuperar e fugir deste lugar pode demorar.

Com o tempo aprendi que Tiago já foi um soldado, um grande herói de sua época que agora foi jogado na prisão por tentar tirar a própria vida. Aprendi que a máquina dos sonhos é apenas uma forma de repouso humano, que dos mais fracos até os mais poderosos sonham. Além de tudo, aprendi que nem todos os hospitais são prisões, que alguns deles são apenas casas de regeneração, que pacientes podem entrar e sair mais livremente e que nem todos têm grades na janela, somente aqueles que não se chamam exclusivamente hospitais, mas sim hospícios.

24 de março

Hoje ganhei um nome.

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Pela manhã, logo após o humano responsável por me dar os medicamentos sair, Tiago veio dizer que havia percebido certo desinteresse de cuidados comigo, que não era porque ninguém sabia quem eu era que eles podiam me tratar como um mendigo.

“Primeiro temos que te dar um nome.”

Eu nunca tive um nome, até porque nunca foi necessário e nunca me interessei em ter um, mas desde quando cheguei neste planeta e desde que esse peso que venho carregando vem aumentando consideravelmente nos últimos dias, me pareceu ser uma boa ideia.

Foi quando Tiago começou a falar nomes aleatórios, alguns que conhecia e outros que nunca havia escutado, mas um me chamou atenção.

“Marvin? Sério?”

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Eu sabia que nesses ciclos que passei na terra eu nunca havia escutado esse nome, mas por algum motivo me parecia familiar; por algum motivo me fez lembrar de uma bicicleta azul.

1 de abril

Hoje carrego um peso mais forte.

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Acredito estar doente, além de estar sentindo um peso inexplicável dentro de mim, esse peso está causando interferências indesejáveis no comunicador.

Parece que vou implodir a qualquer momento, estou sentindo um calor incomum que se divide entre o peito e a parte de trás dos olhos, que suspeito que esteja me fazendo vazar.

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Esse peso só vem aumentando desde quando cheguei neste planeta, mas hoje, atingiu um nível de incômodo considerável, um nível que fez minhas pernas bambear.

Tudo isso aconteceu logo após terem levado Tiago, e não o trazerem mais.

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8 de abril

Hoje descobri o problema do comunicador.

No começo suspeitei que o problema fosse causado pela reconstituição mal calculada do teletransportador, que algum átomo tivesse sido perdido no espaço e causado defeito na transmissão. Mas recentemente descobri que o problema era presente desde quando a transfusão de corpos se realizou,mostrando que o problema deste peso extra e das transmissões mal realizadas ocorrem pelo fato do corpo ser humano.

A premissa é que este corpo estava rejeitando o comunicador, mas não o rejeita. O problema é decorrente das interferências causadas pelo sistema límbico cerebral; o problema são as emoções humanas.

Parece que quanto mais eu experimento essas emoções humanas, mais o meu cérebro espalha hormônios que danificam o código de comunicação para outro planeta, como se me impedissem de voltar pra casa. E eu quero…

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Aos poucos essas mensagens estão se tornando mais dolorosas e cansativas. Já não tenho certeza se alguém as recebe ou se alguém ativará o teletransportador e me levará de volta para casa.

Eu ainda quero voltar para casa.

20 de abril

Hoje preciso escolher.

Nesses últimos dias venho realizando a missão pela busca de informações e nessa camuflagem transmórfica, além de um corpo humano, adquiri sensações que me expõem e que ditam desejos da raça.Dentre estes desejos se encontra um que se destaca como Esperança, um dos que Tiago me ensinou antes de sonhar, essa sensação que me mantém com o comunicador ativo mesmo que meu planeta nunca receba essas mensagens; mesmo que essa esperança seja um dos motivos das transmissões um dia chegarão fim.

É inevitável que o tempo de vida do comunicador não se extinga, por isso preciso escolher entre duas opções que definirão o meu destino na terra.

Tiro minha própria vida ou me torno um humano para sempre.

21 de abril

Hoje…

Desde quando cheguei venho sendo invadido por emoções, por esse peso que vem me controlando a todo instante, às vezes de maneira boa, às vezes de maneira ruim e às vezes que nem eu consigo definir.Essas emoções que aparecem sem pedir permissão e ficam; quase como parasita.

Hoje tomei uma decisão.

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Uma coisa que eu aprendi é que, apesar de existir a cobiça pelo desconhecido, é impossível se ter o infinito. Enxergamos as estrelas e nossos próprios corpos e os definimos como distintos. Esquecendo que no universo micro e macro tudo não passou, nem passa e nem passará de poeira no tempo; esquecendo que no universo não existe um ser que continue vivo ao fim da última luz; esquecendo que nossos próprios desejos podem até se mostrar cintilantes, mas que todos eles clamam por serenidade.

Eu não sei por quanto tempo essas mensagens ecoarão no universo, sendo nanossegundos ou exassegundos, mas hoje… a missão chega ao fim.

[…]

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